Objetivos

Projetos Integrativos (PIs) Rede Clima

Os projetos integrativos surgiram com objetivo de articular em torno de análises que contemplam a transversalidade da temática das Mudanças Climáticas (Portaria MCTI nº 787, de 03.09.2015). Cada Projeto Integrativo é coordenado por um grupo de pesquisadores participantes da Rede Clima, indicados pelo conjunto de coordenadores da Rede e aprovados pelo conselho diretor (Portaria MCTI nº 787, de 03.09.2015). Atualmente, dois Projetos Integrativos estão sendo desenvolvidos: (a) PI de Segurança Socioambiental e (b) PI de Segurança Hídrica, Alimentar e Energética. Os projetos integrativos se concentrarão na Bacia do rio São Francisco (BHSF), seguindo orientação do Ministério de Ciência Tecnologia Inovação (MCTI).
A escolha da área de estudo, dentre outros fatores, se deu em função de alguns fatores, onde se destacam a necessidade de implementação de medidas de revitalização da BHSF, a partir do projeto de transposição; o papel chave da bacia na adaptação de uma vasta região do semiárido do Nordeste; e a incidência de diversas áreas consideradas susceptíveis à desertificação.

A Bacia do Rio São Francisco

Caracterização da Bacia
O curso principal do rio São Francisco tem extensões de 2.814 km entre as cabeceiras, no município de São Roque de Minas (MG), e de 2.863 km pelo rio Samburá, no município de Medeiros (MG) e a foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe, onde se observa uma vazão média anual de 2.980 m3/s, o que corresponde a uma descarga média anual da ordem de 94 bilhões de m3 (CODEVASF 2017).
A região hidrográfica do São Francisco estende-se pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Goiás e o Distrito Federal, inseridos nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. A área total é de 638.576 km² (7,5% do território nacional) (ANA 2013), onde se distribuem 521 municípios com população de 18.218.575 habitantes (IBGE 2010). Desses municípios, 409 se inserem totalmente dentro do vale e os 96 restantes estão parcialmente inseridos, ou seja, seus territórios ultrapassam os limites estabelecidos (CODEVASF 2017).

Referências
Agência Nacional das Águas – ANA (2017). Região Hidrográfica do São Francisco. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/SaoFrancisco.aspx
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF (2017). Vale do São Francisco. Disponível em: http://www2.codevasf.gov.br/osvales/vale-do-sao-francisco/identificacao

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010). Censo Demográfico 2010. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/pt/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=7552

Segurança Socioambiental (PI-SSA)

Coordenadores:

Marcel Bursztyn (Centro de Desenvolvimento Sustentável, UnB, Brasília-DF)

Saulo Rodrigues Filho (Centro de Desenvolvimento Sustentável, UnB, Brasília-DF)

Alisson Barbieri (Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG)

O Projeto Integrativo de Segurança Socioambiental integra pesquisas realizadas pela Rede Clima no âmbito das sub-redes Desenvolvimento Regional, Cidades, Saúde, Biodiversidade, Recursos Hídricos, Zonas Costeiras, Políticas Públicas e Divulgação Científica, buscando identificar sinergias em seus respectivos temas associados à vulnerabilidade de populações urbanas e periurbanas no baixo-médio Rio São Francisco, particularmente nas regiões do Semiárido, englobando, entre outros, os municípios de Juazeiro (BA)/Petrolina (PE), Piranhas (AL) e a região costeira.

Objetivos específicos

Analisar em que medida as percepções de diferentes categorias de atores sociais subsidiam ações de adaptação efetivas no baixo-médio Rio São Francisco;
Identificar as oportunidades geradas por estratégias de adaptação consideradas de “não arrependimento – no-regrets” envolvendo aspectos econômicos, sociais e ambientais para a integração de políticas públicas em princípios de boa governança (pesquisa participativa com stakeholders);
Identificar pontos de sinergias e eventuais contradições entre políticas públicas que dialogam com a adaptação às mudanças climáticas e a revitalização do Rio São Francisco;
Estudar propostas de criação de mecanismos que possibilitem aos moradores da região do semiárido nordestino o ingresso no mercado de geração de eletricidade por meio da geração fotovoltaica, assim como outras possibilidades de aproveitamento energético, como empreendimentos eólicos de pequeno porte;
Avaliar impacto à saúde das projeções da variabilidade climática na região de estudo. Indicadores – doenças vetoriais – ZIKA + cisternas;
Identificar intervenções de políticas públicas, considerando casos de sucesso e insucesso;
Avaliar a vulnerabilidade da biodiversidade e ecossistemas costeiros aos impactos da MC e impactos antropogênicos locais, e as implicações destes impactos aos ecossistemas e populações costeiras;
Desenvolver cartografia conceitual com relação à percepção dos atores dos conceitos em discussão, especialmente vulnerabilidade e adaptação;
Mapeamento de atores – principais stakeholders da região – e políticas públicas relevantes que tenham interfaces com a região;
Estudo do acesso e demanda energética, proposições de utilização de geração de energia distribuída SFV e eólica de pequeno porte;
Diagnóstico da demanda para o fortalecimento da tecnologia de fogões melhorados para criação de PP relacionadas ao acesso de energia no Semiárido;
Estudo de viabilidade e proposição de regulação e politicas publicas relacionadas a geração de ESFV e eólica de pequeno porte;
Modelagem preditiva de distribuição de espécies e serviços ecossistêmicos (Biodiversidade).

Segurança Hídrica, Alimentar e Energética (PI-SHAE)

Coordenadores:

Eduardo Delgado Assad (Embrapa Informática Agropecuária, Campinas-SP)

Francisco de Assis Souza Filho (Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE)

Os Estados Nacionais, com destaque àqueles em desenvolvimento, enfrentam um difícil desafio no atendimento às crescentes demandas dos setores de alimentos, água e energia, possivelmente agravado com a intensificação das alterações climáticas. A adaptação efetiva às mudanças globais requer o uso eficiente de terra, água, energia, outros recursos e a integração de esforços que minimizem os impactos negativos e maximizem sinergias.

Nesse contexto, o Projeto Integrativo Segurança Hídrica, Alimentar e Energética (PI-SHAE), busca soluções, de forma sustentável, para uma produção agrícola integrada à manutenção e bom uso dos recursos hídricos e à geração de energia, diante dos cenários de aquecimento global e mudanças climáticas no Brasil. O PI-SHAE circunscrever-se-á a Bacia do Rio São Francisco, região-piloto para as análises, considerando os elevados conflitos potenciais (ambientais e sociais).

Objetivos

Analisar, identificar e mapear o panorama da segurança alimentar, hídrica e energética na Região do Vale do Rio São Francisco com base em dados públicos disponíveis;
Avaliar o uso de diferentes sistemas de produção agrícola no que se refere às eficiências em termos de consumo de água e energia elétrica e adicionalmente às emissões de gases de efeito estufa;
Estimar o potencial de produção no Vale do Rio São Francisco, identificando os possíveis conflitos entre produção de alimentos, consumo de energia e consumo de água.

Objetivos específicos

Identificação por município qual a produção agrícola existente e seu potencial de crescimento em função de tecnologias de produção de baixa emissão de carbono e uso de irrigação;
Avaliação dos impactos na produção agrícola da Bacia do Rio São Francisco, a partir dos diferentes cenários do IPCC, com e sem as técnicas de adaptação e considerando a oferta de água, para os anos 2020, 2030 e 2040
Análise das séries temporais de precipitação, vazões e temperatura para identificar os modos de variação (alta e baixa frequência) e detecção de mudanças;
Desenvolvimento e aplicação da modelagem hidrológica que represente o processo chuva-vazão na Bacia do São Francisco;
Análise das secas meteorológicas e hidrológicas ocorridas no passado e cenarizadas para o futuro utilizando índices como SPI, SPIE e SRI bem como medidas de elasticidade da bacia e esquemas de Budyko;
Identificação das estratégias para a Gestão Adaptativa dos Recursos Hídricos em bacias hidrográficas;
Identificação dos processos climáticos ou de mudança do uso da terra que expliquem os padrões de variação e mudança encontrados;
Avaliação quali-quantitativa da dinâmica do uso da terra na bacia com a utilização de técnicas de sensoriamento remoto;
Avaliação do efeito da vegetação na mudança dos padrões de transformação chuva-vazão na grande e média escala na bacia;
Estado da arte das técnicas e tecnologias de produção e uso de energia na região;
Construção de cenários da disponibilidade dos recursos energéticos na região de estudo;
Apresentação de diretrizes para novos arranjos produtivos de energia para produção de alimentos e demanda hídrica;
Divulgação dos atlas de potencial solar e eólico.