Um grande laboratório natural começou a ser implantado hoje (22/02) na unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de Cachoeira Paulista (SP). O lançamento do projeto Mata Nativa, em parceria com a Associação Corredor Ecológico do Vale do Paraíba (ACEVP), possibilitará o reflorestamento de 23,7 hectares e a realização de pesquisas com o objetivo de produzir um modelo de recuperação de áreas degradadas e de avaliar o impacto do reflorestamento no ciclo hidrológico e no balanço de nutrientes, em uma bacia de drenagem.
A iniciativa, que ocupará cerca de 2% da área total do INPE de Cachoeira Paulista, também possibilitará a redução de 20% da Pegada de Carbono do Instituto, por meio do plantio de 36 mil mudas de espécies vegetais da Mata Atlântica. Para zerar a Pegada de Carbono do INPE (medida das emissões de CO2 produzidas por deslocamentos aéreos e terrestres) seria necessário o reflorestamento de 105 hectares.
“A emissão de carbono é muito relevante, mas é importante salientar que o replantio de árvores tem um valor ecológico e ambiental que extrapola, vai além dessa questão”, explicou o pesquisador Jean Ometto, coordenador do projeto pelo INPE. “Além de compensar as emissões, temos que trabalhar para a sua diminuição”.
Serão plantadas 80 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica, entre elas amendoim-bravo, ipê-roxo, paineira, pau-viola, jequitibá-rosa e sangra-d’água. Durante a vigência da parceria, de dois anos, serão realizados experimentos e pesquisas no local. Entre as pesquisas previstas estão a dinâmica de nutrientes, a fixação de carbono e as taxas de crescimento das espécies. A partir desses estudos será possível propor métricas, protocolos de coleta e amostras, além de um modelo de recuperação florestal que poderá ser replicado.
O local do reflorestamento será utilizado ainda para o incentivo à educação ambiental na região de Cachoeira Paulista. “Nossa ideia é criar o “bosque dos alunos e docentes”, onde todos poderão plantar sua árvore e acompanhar o processo de recuperação da mata e suas implicações e efeitos”, afirmou Ometto.
Para o presidente da ACEVP, José Luciano Penido, o projeto Mata Nativa é uma oportunidade de aproximar a sociedade do conhecimento científico na área ambiental. “Estamos unindo esforços em direção à realização de um sonho maior, que é recompor a Mata Atlântica e preservar os aspectos culturais da região”.
“Esse grande laboratório natural representa uma inovação em termos de projetos do INPE na área ambiental, uma vez que, atualmente, as linhas de pesquisa do nosso Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) – que abriga o Mata Nativa – extraem dados da natureza, como eles se apresentam”, afirmou o diretor do INPE, Leonel Perondi. “Aqui serão gerados dados para subsidiar o desenvolvimento de uma metodologia reprodutiva para biomas degradados. A proposta se insere perfeitamente na missão do CCST, de gerar conhecimentos interdisciplinares para o desenvolvimento nacional com equidade e para redução dos impactos ambientais no Brasil e no mundo, fornecendo informações técnico-científicas de qualidade para orientar políticas públicas de mitigação e adaptação às mudanças ambientais globais”.