Artigo recém-publicado na revista Biological Conservation mostra a importância de se aumentar a rede brasileira de áreas protegidas em um clima em mudança.
Segundo o estudo, que tem como uma das autoras a pesquisadora Mariana Vale, coordenadora da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas da Rede Clima, as mudanças e contrações na distribuição das espécies, em resposta às alterações climáticas, prejudicarão a eficácia das áreas protegidas (UCs) em um futuro próximo. As UCs têm se mostrado uma estratégia fundamental para a conservação da biodiversidade.
Os relatos na literatura são conflitantes sobre até que ponto isso provavelmente será um problema. Foi utilizada uma abordagem meta-analítica para investigar a questão usando o Brasil como estudo de caso. O Brasil tem dimensões continentais e extraordinária biodiversidade, um grande sistema de áreas protegidas e investigação sólida sobre o impacto das alterações climáticas na biodiversidade.
A partir de 56 artigos que avaliam os impactos das mudanças climáticas nas UCs, foram compiladas 342 medidas de projeção de risco, principalmente de mudanças nas áreas de distribuição das espécies. Mais de 70% das projeções de risco apontam para impactos negativos, devido à saída de espécies de áreas protegidas. Assim, a atual rede brasileira de áreas protegidas não é robusta quando consideramos as mudanças climáticas.
As UCs da Amazônia são consideradas as mais impactadas e as terras indígenas estão particularmente em risco, seguidas pelas UCs no Cerrado e Mata Atlântica. Assim, o sistema de áreas protegidas brasileiro precisaria ser ampliado, incorporando explicitamente alterações climáticas no planeamento sistemático da conservação, para contemplar espécies e regiões sub-representadas, tornando o sistema mais robusto.