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28 de fevereiro de 2019

Diálogos para um futuro sustentável na agricultura africana



Método desenvolvido com a participação de pesquisadora do CCST/INPE a partir de diálogo multi atores busca caminhos para o alcance dos ODS da ONU; relatório acaba de ser lançado

Como a agricultura e os sistemas alimentares africanos podem alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, mantendo-se dentro dos limites planetários? E como as visões para a agricultura e os sistemas alimentares na África se alinham com as perspectivas expressas em cenários globais? Esta foi uma das principais questões levantadas durante o segundo diálogo sobre o papel da África no alcance dos ODS da ONU. Realizado em Kigali, Ruanda, o diálogo foi organizado pelo SDG Center for Africa em parceria com o Swedbio e o Stockholm Resilience Centre (SRC).

O relatório do diálogo, que acaba de ser lançado pela Swedbio, tem como primeira autora a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Ana Paula Dutra de Aguiar. “Nós desenvolvemos um método para discutir caminhos para o alcance dos ODS da ONU, com o objetivo de levar as perspectivas regionais para modelos globais, mas também de gerar informações úteis para a implementação desses ODS em diferentes contextos”, explicou.

Um exemplo de possibilidade de utilização do método desenvolvido será o projeto NEXUS, liderado pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do INPE, com apoio da Fapesp. O NEXUS   busca propor estratégias que viabilizem a transição para um futuro sustentável nos biomas Cerrado e Caatinga. O foco da pesquisa, iniciada é a elaboração de cenários e indicadores que reconciliem as dimensões econômicas, sociais e ambientais – os três pilares da sustentabilidade – na produção agrícola, energética e no uso de recursos naturais.

Dando sequência a um diálogo semelhante realizado em 2017, o objetivo desta edição foi unir a comunidade de cenários de sustentabilidade global com profissionais e formuladores de políticas africanos envolvidos nos processos de implementação dos ODS. Assim como no primeiro diálogo em 2017, o acompanhamento de Kigali foi parte do The World em 2050 (TWI2050), uma iniciativa de pesquisa global em apoio a uma implementação bem-sucedida da Agenda 2030 das Nações Unidas.

Empoderamento, parcerias e compartilhamento de conhecimento

Embora os participantes reconhecessem os enormes desafios para a implementação de uma transformação agrícola africana, durante os trabalhos, surgiu a visão de uma África rural e urbana pacífica e próspera, capaz de prover alimentos a si própria e ao mundo. Para chegar lá, uma lista de ações comuns foi desenvolvida, para formar a espinha dorsal da “transformação em direção aos futuros desejados”. Essas ações foram agrupadas em três categorias:

  1. Capacitar jovens, mulheres e a população, investindo em melhor educação e habilidades para a produção agrícola
  2. Consolidar e desenvolver novas parcerias em os segmentos da sociedade (não apenas no estado)
  3. Melhor coleta e compartilhamento de conhecimento, tecnologia e dados

Inevitavelmente, as discussões revelaram perspectivas divergentes sobre como lidar com questões como o aumento da urbanização, o crescimento populacional e, especificamente, quais e onde práticas agrícolas funcionam melhor. A intensificação sustentável é melhor que a agroecologia? A resposta está nos olhos do observador, ou seja, é contextual. Isso ressalta a importância de diálogos de múltiplas partes interessadas e de escala cruzada como esses, dizem os autores do relatório. “Diálogos com múltiplos interessados ​​são essenciais para ajudar a navegar em futuros complexos e incertos. A captação de perspectivas divergentes é necessária para descobrir as tensões que precisam ser mais discutidas ”, conclui Ana Paula Aguiar. “Esperamos que este diálogo possa inspirar outros semelhantes em diferentes níveis e contextos geográficos”.

Baixe o relatório

Com informações da Assessoria de Comunicação do Stockholm Resilience Centre