O Conselho Consultivo do SiMAClim (Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas) reuniu-se durante a COP 28, realizada de 30/11/ a 12/12 em Dubai, para discutir o formato de identificação de lacunas e propostas de temas a serem trabalhados no próximo ano. Participaram da reunião os coordenadores da Rede Clima, Moacyr Araújo (UFPE) e Jean Ometto (INPE); Márcio Rojas e Osvaldo Moraes (MCTI); e Ana Paula Prates e André Andrade (MMA).
O SiMAClim foi criado em fevereiro de 2023, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a missão de produzir informações baseadas em evidências científicas voltadas aos tomadores de decisão. O projeto, sediado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é inédito no Brasil e recebeu investimento de R$ 10 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Como funcionará?
O SiMAClim será conduzido pela Rede Clima (Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais), que reúne cerca de 150 cientistas de instituições de ensino e pesquisa de todas as regiões do país. A Rede vinculada ao MCTI é instrumento institucional para atuação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e tem como finalidade impulsionar a geração de conhecimento e o avanço científico e tecnológico na área de mudança do clima.
Deverão ser identificados 12 temas/lacunas relacionadas a demandas de políticas públicas que envolvem redução das emissões de carbono, adaptação às mudanças climáticas, expansão de energia, sistemas de vigilância e monitoramento, entre outros. “A partir dessa identificação, iremos buscar pesquisadores-chaves em instituições internacionais e nacionais que possam encaminhar essas questões”, explicou Moacyr Araújo. “O principal diferencial do SiMAClim em relação a outros centros de síntese é que, além de sintetizar o conhecimento produzido, serão desenvolvidos produtos orientadores específicos sobre cada um dos temas, direcionados aos tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas”.
Para Márcio Rojas, diretor substituto de Ciências da Natureza do MCTI, é importante que o SiMAClim se concentre sempre no estado da arte da ciência nacional e internacional para encaminhar as demandas. “Os temas deverão ser sempre desafiadores, assim como as soluções e caminhos apontados”, ressaltou.
Nesse sentido, o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, levantou a possibilidade de se definir, como um primeiro tema do SiMAClim, o “tipping point da Amazônia”. “Quais os indicadores objetivos existentes para apontar que a Amazônia está chegando a um ponto de virada?”, indagou. Ele colocou ainda a visão de que os processos do SiMAClim sejam conduzidos com base na transdisciplinaridade.
Fontes de financiamento
Outra preocupação do Conselho Consultivo é identificar os gargalos de financiamento das pesquisas e apontar as fontes de subsídio para cada um dos temas identificados.
Os trabalhos de síntese do SiMAClim contribuirão de forma efetiva para o diagnóstico e a avaliação do atingimento das metas assumidas pelo país em compromissos nacionais e internacionais, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que agregam 17 objetivos e 169 metas, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), ou metas de redução de desigualdade, de provimento de segurança alimentar. Além disso, as informações produzidas serão importantes para redução de impactos climáticos e ambientais à saúde pública e melhoria da mobilidade urbana com a redução de impacto ambiental.