Educação Ambiental e filosofia prática: “Uma ou duas linhas e por trás uma imensa paisagem”
GODOY, A.
Remea, Revista Eletrônica do mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, V. Especial, p. 4-19, jan./jun. 2015
Educação Ambiental; Filosofia da Diferença; experimentação,
Resumo: A partir de uma oficina realizada em uma escola pública de Florianópolis (SC), o texto explora aspectos da filosofia prática de Gilles Deleuze e Félix Guattari no encontro com a Educação Ambiental. Na primeira parte são apresentadas as ideias de ‘começo’, ‘criação’ e ‘experimentação’ e sua relação com o presente atual e o campo da Educação Ambiental. Na segunda parte apresentam-se as etapas da oficina e o modo pelo qual se esboça um campo problemático onde o ambiental se singulariza a partir de questões eminentemente vitais. Na parte final do texto, destacam-se alguns aspectos apresentados na segunda parte e de que maneira eles nos abrem e ao campo ambiental para novas regiões do viver.
Abstract: As from a workshop held in a public school in Florianópolis (SC), the text explores aspects of the practical philosophy of Gilles Deleuze and Félix Guattari in the meeting with the Environmental Education. In the first part we present the ideas of ‘beginning’, ‘creation’ and ‘experimentation’ and its relation to the actual present and the field of Environmental Education. The second part presents the steps of the workshop and the way in which it outlines a problematic field where the environment is singularized from an eminently vital issues. At the end of the text highlights some aspects presented in the second part and in what way they open us and open the environmental field to new regions of living.
Ondas: um experimento em pensamento-cinema ou das variações de uma máquina-marinha…
WIEDEMANN, S.
Alegrar (Campinas), v. 16, p. 1-6, 2015
ISSN 18085148
Ondas; cinema; máquina abstrata; ritornelo.,
Arrebentar o cinema, como a onda o faz ao se abraçar numa só violência com a pedra. Filme, como superfície ondulante, deslimite-membrana de passagem entre as sonoridades e as visualidades. Uma imagem-ritornelo como procedimento que alimenta a terra nômade da nossa mecanosfera em catástrofe. As ondas, sua profundeza oceânica, que faz explodir o olho, cinema não mais um gesto ótico, mas sim tátil – handmade cinema. Mão que como onda se move sobre o celulóide, cinema que se pinta a cada gesto, a cada frame. Variações de uma máquina-ondas, imagem como campo vibrátil de experimentação, matéria metalizante entre meios. Onda que se precipita som, que se
precipita macha-cor, que se diz pequeno e grande ritornelo. Imagem-água-viva, No man’s land, No human’s land. Anônimo e anômalo, sem nome, só fazer variar As Ondas, Ondas que conectam o som da baleia com o do cometa, Ondas que se secam e transam com a areia, que se molecularizam e imperceptíveis se desfazem na poeira cósmica. Ondas que arruínam a casa do homem, desbordam e imanentes tudo o corroem. Cosmopolítica da imagem, ondaliferação na matéria plástica de expressão. Imagemonda, que devora a margem do mundo.
Afetos temporais… o que pode uma escrita#relação#arte#ciência diante do fim do mundo…?
DIAS, S. O. ; RODRIGUES, C. C.
BELINASO, L.; KRELLING, A.; PEREIRA, J.; DAL PONT, K. (Org.). Ecologias inventivas: experiência nas/das paisagens, v. 1, p. 87-94, 2015
1ed. Florianópolis: Editora CRV, 2015
Configurações políticas de cultura e público na divulgação científica
DIAS, S. O.
Alamo, O. (Org.). Políticas Públicas en Ciencia y Tecnología - Divulgación y construcción de diudadanía. , v. 1, p. 25-34, 2015
1ed. Vila Maria, Argentina: Eduvim, 2015
“Um olhar que aprisiona o outro…”: os povos indígenas em revista, 20 anos depois
In: Kirchof, E.R.; Wortmann, M.L.; Costa, M.V. (Org.).
Estudos Culturais & Educação: contingências, articulações, aventuras, dispersões. 2015, v. Único, p. 151-173
1ª Ed. Canoas (RS): Editora da ULBRA,
Ética, Pesquisa e imagem de povos indígenas
BONIN, I. T.; RIPOLL, D.; SANTOS, L. H. S. dos
Revista Teias (UERJ. Online), v. 16, p. 115-124, 2015
DOI: 10.12957/teias
Ética em Pesquisa; Povos Indígenas; Imagem,
Este artigo explora dois temas principais: a) a centralidade das imagens na cultura contemporânea b) e o candente debate sobre questões éticas em pesquisa a partir da aplicação do modelo biomédico às ciências humanas. Ele explora a ética e a pesquisa em educação com foco na legislação que regulamenta a pesquisa com povos indígenas. O texto ainda argumenta que a reiteração de certas imagens constitui uma poderosa iconografia sobre os povos indígenas, a qual contribui para naturalizar certas representações sobre eles. Finalmente, o artigo também defende que seria oportuno garantir práticas éticas pluralistas (de mudança e ética circunstancial de pesquisa em educação) em vez de considerar um conjunto de princípios e condutas éticas predeterminado.
Dossiê Desaparecimento
Dossiê Desaparecimento
DIAS, S. O. ; RODRIGUES, C. C. ; VOGT, C. (Orgs.)
Revista ClimaCom Cultura Científica - pesquisa, jornalismo e arte. Campinas: Labjor-Unicamp, 2015. v. 3. 210p
Catástrofe, crise, desaparecimento, extinção, ameaça, medos, riscos, descrença, colapso, desastres. Com a intensificação da ocorrência de eventos extremos e alterações climáticas, vivemos a disseminação de enunciados niilistas marcados pelo fim e pela vontade de nada, trazendo novo fôlego para o velho catastrofismo. Proliferam distopias em torno de uma ausência de futuro à qual estaríamos condenados. A sensação de que “não há saída”, por vezes, coloca-nos diante da impotência do pensamento para avaliar situações que se tornaram impensáveis em relação ao modo com o qual estamos habituados a lidar com o tempo, o humano, a natureza, o corpo, o espaço, a cultura, a tecnologia, a política… A contemporaneidade lança-nos o desafio do enfrentamento da extinção de espécies animais e vegetais, da erosão do solo, da elevação do nível da água, das modificações extremas de ambientes e paisagens, do colapso dos recursos hídricos, mas também e, conjuntamente, do desaparecimento, erosão e colapso das existências singulares, humanas e não humanas, aí implicadas, problematizando os modos de pensar a preservação e a conservação, a gestão pública, e as reinvindicações por visibilidade e justiça que nos chegam de todas as partes. Diante de tantos desaparecimentos afirma-se a urgência ética, estética e política da criação de outros pensamentos, narrativas, conceitos, imagens, práticas, ações, fabulações, ficções-científicas, especulações… Como podemos fazer aparecer outros modos de existência nas situações
de contingência? A partir de quais lógicas de funcionamento a comunicação, as ciências, as tecnologias, a filosofia e as artes têm feito aparecer os desaparecimentos em seus bancos de dados, coleções, museus,
patrimônios, catálogos, acervos, inventários, pesquisas e escritas? Diante da obsessão contemporânea com a criação de arquivos e seus movimentos de coleta, identificação, codificação e documentação, como fazer durar o acontecimento? Como tornar possível a extração de forças de vida dos arquivos? Para dar corpo e consistência a outros modos de dizer, escrever, ver e escutar o “Desaparecimento”, tema desta terceira edição da revista ClimaCom Cultura Científica – Pesquisa, Jornalismo e Arte, apresentamos duas entrevistas, com a filósofa belga Isabelle Stengers e o filósofo e sociólogo francês Bruno Latour, e uma série instigante de produções artísticas e de artigos de pesquisadores brasileiros e também da Austrália, Catalunha e Colômbia que põem em jogo as multidimensões do desaparecimento implicadas nas mudanças climáticas. Não se trata apenas do que desaparece nesse complexo e mutante cenário, mas de como o pensamento e a sensibilidade tomam para si o desaparecimento para fazer dele a ocasião de incontáveis e surpreendentes aparições.
Educação, antropologia, ontologias
TADDEI, R.; GAMBOGGI, A. L.
Educação e Pesquisa, 42(1), 27-38, 2016
http://dx.doi.org/10.1590/s1517-9702201506134264
Ethnography; Anthropology; Ontology; Symmetry; Education,
The goal of this paper is to analyze the relation between anthropology and education, and the relation of both with the experience of life, in a context of debates in which epistemological concerns have gradually been substituted by a reflection on the ontological dimension of existence. Starting with a discussion on the asymmetric historical relation between anthropology and education, in what concerns the analysis of sociocultural dimensions of learning, we propose the inversion of terms of the expression anthropology of education, and then discuss the paradoxes that characterize the relation between the professional education of the anthropologist, identified as an epistemological exercise, and the ontological dimension of the ethnographic experience. From this discussion, the question of the body of the ethnographer emerges as something absent in mainstream ethnographic production, which is identified as an index of the presence of one of the structuring dichotomies of Western epistemology: the separation of mind and body. The works of authors associated to the so-called ontological turn in social sciences are brought to the discussion, and from the analysis of some of their main contributions, new points of contact between education and anthropology, on more symmetric grounds, emerge. From these, it is of special interest the one that focuses on happiness and the plenitude of becomings, which, albeit an unprecedented theme in anthropology, has been part of the pedagogical debates of the last four decades.
Construindo imagens e territórios: pensando a visualidade e a materialidade do sensoriamento remoto
MONTEIRO, M.
História, Ciências, Saúde-Manguinhos (Online), v. 22, p. 577-591, 2015
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702015000200006
Sensoriamento remoto; representação na ciência; visualização científica; território; teoria ator-rede,
Reflete sobre a questão da imagem na ciência, pensando em como práticas visuais participam da construção de saberes e territórios. A crescente centralidade do visual em práticas científicas contemporâneas evidencia a necessidade de reflexão para além da imagem. O objeto da discussão se constituirá de imagens científicas usadas no monitoramento e na visualização do território. O artigo trata das relações entre a visualidade e os pesquisadores que a constroem; as infraestruturas dessa construção; e as instituições e políticas de monitoramento do território. Argumenta-se que tais imagens-relações, mais que visualizar, ajudam a constituir o território de formas específicas. Explorar esse processo possibilita uma compreensão mais complexa das formas pelas quais a ciência e a tecnologia ajudam a construir realidades.
Dossiê Adaptação
Dossiê Adaptação
DIAS, S. O. ; RODRIGUES, C. C. ; VOGT, C. (Orgs.)
Revista ClimaCom Cultura Científica - pesquisa, jornalismo e arte. Campinas: Labjor-Unicamp, 2015. v. 2. 248p.
ISSN 2359-4705
Nos últimos quatro meses trabalhamos em conjunto com artistas, cientistas e filósofos nas escritas de notícias e reportagens da seção Jornalismo. Encontramos com pessoas em ruas, praças, museus, eventos científicos e culturais, e criamos espaços coletivos de produção audiovisual com artistas e pesquisadores convidados que resultaram nas imagens espalhadas por toda a revista e também disponíveis no Laboratório-Ateliê. E, em resposta
à segunda chamada da revista, recebemos uma resenha, artigos e produções artísticas e culturais que temos o prazer de convidá-los a conferir nas seções de Pesquisa e de Arte. Buscamos, assim, multiplicar as possibilidades que imagens, palavras e sons podem apresentar ao explorar o tema escolhido para este segundo dossiê da revista ClimaCom: “Adaptação”. Um convite a pensar a adaptação não como reação ou passividade diante das mudanças climáticas, mas como invenção de novos modos de agir, pensar, viver. Adaptar ganha força neste dossiê como invenção de variações vitais nas perguntas que nos fazemos, nas narrativas que tecemos. Variações
que perturbam as lógicas de funcionamento gerais e totalizantes e abrem brechas para efetuação de outras expressões do político. Encerramos este dossiê com um convite para a próxima edição, cujo tema é “Desaparecimento”. Diante de tantos desaparecimentos – de espécies, culturas, paisagens, coisas, saberes, relações, forças, afetos… – afirmase uma urgência ética, estética e política de criação de outros pensamentos, conhecimentos, narrativas, conceitos, imagens, práticas, metodologias, ações, fabulações… Buscaremos, nesse dossiê, o encontro com gestos de pesquisadores, artistas e filósofos para dar corpo e consistência a outros modos de dizer,
escrever, ver e escutar o “Desaparecimento”.
A temática indígena sob as lentes dos Estudos Culturais e Educação – algumas tendências e enfoques analíticos
BONIN, I. T.; RIPOLL, D.; AGUIAR, J. V.
Revista Educação (PUCRS. Online), v. 38, p. 59-69, 2015
http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2015.1.18444
Temática indígena; Estudos Culturais; Educação,
O objetivo deste artigo é mapear e discutir algumas tendências e enfoques analíticos que vêm sendo conduzidos em teses e dissertações do campo da Educação que se valem dos Estudos Culturais para a abordagem da temática indígena. Foram analisados 14 trabalhos que articulam três descritores: temática indígena, Estudos Culturais e Educação. Verificou-se que, em tais produções, problematiza-se a ideia abstrata de diversidade cultural, tão mobilizada pelas perspectivas multiculturalistas. Além disso, constatou-se que o campo dos Estudos Culturais favorece o desenvolvimento de análises críticas que focalizam as desigualdades, as relações de poder, as práticas representacionais e as políticas em torno das identidades/diferenças. São acionados, nestes estudos, diversos conceitos e abordagens teóricas que problematizam visões eurocêntricas, repertórios depreciativos e essencialismos, mostrando que há uma tendência hegemônica de atribuir ao “outro”/indígena características que fazem dele um ser estranho, objeto de curiosidade e de escrutínio.
‘Quatro anos para fazer, duas horas para mostrar’: documentários de natureza em perspectiva
BORBA, B. A.; RIPOLL, D.
ClimaCom Cultura Científica - pesquisa, jornalismo e arte, v. 2, p. 1-9, 2015
ISSN 2359-4705
Representações culturais de natureza; Documentários de natureza; Estudos Culturais,
Os documentários de natureza fazem parte da história do cinema e, partir da perspectiva teórica dos Estudos Culturais, são considerados poderosos artefatos culturais que, por meio do entretenimento e do “deleite dos sentidos”, formam parte das percepções dos públicos relativamente aos animais, às plantas, ao clima da Terra, aos ecossistemas etc., e constroem/fabricam determinadas ideias de natureza. O objetivo deste texto é, através de análises de pôsteres e fotogramas de documentários de natureza produzidos entre os anos 1920 e 2013, fazer algumas reflexões sobre os deslocamentos, as ressignificações e as adaptações que os conceitos de natureza, humanidade e animalidade sofreram ao longo das décadas.