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16 de abril de 2013

Mudanças climáticas podem reduzir incidência de doenças em uvas no nordeste



A área favorável à incidência das podridões da uva madura e cinzenta da videira – duas das principais doenças fúngicas que afetam o cacho – deve diminuir com as mudanças climáticas, no nordeste brasileiro. Artigo publicado recentemente na Revista Brasileira de Geografia Física por pesquisadores da Embrapa ligados à Rede CLIMA (Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais) mostra que as alterações na temperatura e na umidade podem influenciar o cenário dos problemas fitossanitários nessa região do país.

O estudo “Efeito das Mudanças Climáticas sobre a Favorabilidade às Podridões da Uva Madura e Cinzenta da Videira no Nordeste Brasileiro” avaliou o impacto potencial das mudanças climáticas sobre a favorabilidade às doenças causadas por Glomerella cingulata (podridão da uva madura) e Botrytis cinerea (podridão cinzenta). Para isso, utilizou o período de 1961-1990 como referência e as projeções dos modelos climáticos globais do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – cenário A2* de emissões de gases de efeito estufa, para o período futuro (2071-2100).

Na elaboração dos mapas de favorabilidade das doenças, foram estabelecidas três faixas de classificação: favorável, pouco favorável e desfavorável. O artigo mostra que, na média anual, para a podridão da uva madura a área desfavorável à ocorrência da doença na região passará de 18% para 25%. A área pouco favorável será mantida em 24% e a área favorável diminuirá de 58% para 51%. Para a podridão cinzenta, estima-se que a área desfavorável passará de 18% para 25%, a pouco favorável, de 49% para 55% e a área favorável diminuirá de 33% para 20%.

A principal alteração do clima responsável por esses resultados será a redução da duração do período de molhamento foliar (DPMF), já que a ocorrência desses fungos está diretamente ligada a elevados índices de umidade.

*O cenário A2 do IPCC prevê elevadas emissões de gases de efeito estufa, que poderão resultar em aumento de 2°C a 4°C na temperatura e em um clima de 15% a 20% mais seco na região do nordeste.

 

 

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Área ocupada (%) das classes de favorabilidade à ocorrência da podridão da uva madura (A) e podridão cinzenta (B) para a média anual no período de referência (1961 a 1990) e no futuro (2071 a 2100), cenário A2, para o Nordeste brasileiro.

 

Saiba mais

Podridão cinzenta

A podridão do cacho, podridão cinzenta ou botritis, existe em todos os países vitícolas do mundo, reduzindo qualitativa e quantitativamente a produção. É considerada a mais importante das podridões do cacho. As perdas podem ser significativas nas cultivares viníferas, especialmente nas de cacho compacto. Além do efeito direto sobre a uva (podridão), afeta a qualidade do vinho, pois as uvas com botritis contém lacase, uma enzima que prejudica a cor, aroma e o sabor do vinho, dando origem à doença denominada “quebra parda”.

Podridão da uva madura

O sintoma principal é o apodrecimento dos frutos maduros. Sobre as bagas inicialmente aparecem manchas marrom-avermelhadas, que posteriormente atingem todo o fruto, escurecendo-o. Provoca perdas tanto na qualidade como na quantidade da uva produzida.

Fonte: Embrapa

 

Artigo

Hamada E, Angelotti F, Garrido LR, Ghini R, Carvalho MCC, Palladino RP. Efeito das mudanças climáticas sobre a favorabilidade às podridões da uva madura e cinzenta da videira no Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Geografia Física. V. 6, p. 1213-1221. 2012.