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29 de janeiro de 2019

Paulo Artaxo faz um apelo ao governo brasileiro em favor da ciência e da preservação da Amazônia



Floresta em área indígena na Amazônia. Foto: Damian Nery/Ipam

Em Editorial publicado na revista Science (25/01/2019, 363 (6425), p. 323), o pesquisador Paulo Artaxo (USP) criticou as primeiras ações do governo de Jair Bolsonaro em relação à ciência e à política ambiental nacional, em particular aquelas relacionadas à Amazônia. “Em vez de equacionar a os impactos da crise iniciada em 2015 no Brasil, renovando o compromisso do país com a ciência e as soluções sustentáveis, o governo Bolsonaro está favorecendo os interesses do setor da agroindústria e da mineração, que irão intensificar essas atividades na Amazônia”, afirma.

O pesquisador menciona também a transferência da responsabilidade pela gestão das terras indígenas do Ministério da Justiça para o Ministério da Agricultura o que, segundo ele, coloca em perigo centenas de milhares de indígenas da região amazônica. Mais ainda, a agenda do governo atual poderia enfraquecer o Código Florestal Brasileiro, que atualmente determina que os proprietários de terras mantenham um percentual da área com cobertura florestal.

As mudanças nas políticas de relacionamento e financiamento das ONGs também foram criticadas por Artaxo, assim como a extinção dos departamentos ligados às políticas climáticas, tanto do Ministério do Meio Ambiente quanto do Ministério das Relações Exteriores. O pesquisador lembra que os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris estão condicionados ao combate ao desmatamento ilegal e ao reflorestamento de 12 milhões de hectares. A ameaça do governo brasileiro de abandonar o Acordo colocaria por terra essa meta e estaria ligada aos interesses do agronegócio de expandir as pastagens e a agricultura intensiva na Amazônia e Cerrado.

“Destruir a Amazônia não é a resposta para os problemas brasileiros”, afirma Artaxo. “Os cientistas brasileiros estão prontos para aconselhar o novo governo sobre formas de preservar a floresta amazônica e a região do Cerrado, aumentando a produção de alimentos e o crescimento da economia. Vamos trabalhar juntos para elaborar estratégias para o desenvolvimento da Amazônia que também protejam sua rica biodiversidade e povos indígenas”, conclui.

Acesse o Editorial da Science

Assista ao documentário Amazônia Climática, produzido pelo INPE

 

por Ana Paula Soares, Divulgação Científica da Rede Clima