Por Michele Gonçalves
Terminou neste domingo (27/7) a 66ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco. A escolha do local para sediar o evento ressaltou o papel central – também destacado nas falas de diversos pesquisadores e governantes ao longo das atividades iniciais da reunião – que a exploração sustentável dos recursos da floresta, baseada tanto no conhecimento científico e no desenvolvimento tecnológico, quanto nos conhecimentos tradicionais dos povos locais, tem adquirido nas agendas locais e nacionais.
Clélio Campolina Diniz, ministro de Ciência e Tecnologia, destacou o papel da bioeconomia como oportunidade de desenvolvimento econômico para o estado do Acre e enfatizou a necessidade de se agregar conhecimentos científicos e tecnologia para preservar os recursos genéticos da Amazônia. A reunião da SBPC, segundo ele, terá papel fundamental ao trazer debates envolvendo tanto a ciência e a tecnologia quanto os conhecimentos tradicionais para preservação da floresta e sua integração nas estratégias futuras de exploração.
Para a vice-reitora da UFAC, Margarida de Aquino Cunha, a reunião abre uma ampla reflexão sobre a Amazônia, ao propor uma aproximação efetiva de todos que constroem a ciência brasileira, justamente no estado que comporta, atualmente, enormes desigualdades sociais, econômicas, científicas e tecnológicas e, ao mesmo tempo e contraditoriamente, também a enorme riqueza da floresta amazônica.
Programação
Criar modelos de sustentabilidade que mantenham a floresta em pé e dignifiquem a vida das populações locais. Esse foi o desafio proposto para conferências e mesas-redondas que foram programadas para o evento: políticas públicas para a sociobiodiversidade; perspectivas indígenas sobre desenvolvimento e sustentabilidade; a democratização dos meios de comunicação e as grandes obras de infraestrutura na Amazônia foram alguns dos temas debatidos na reunião que contou, ainda, com uma “SBPC Indígena” e uma “SBPC Extrativista”, enfatizando a proposta de se criar relações simétricas entre conhecimentos científicos e tradicionais, ou, “uma Amazônia sem fronteiras”. Para Minoru Martins Kinpara, reitor da UFAC, a SBPC possibilitou, nesse sentido, um debate profícuo da política científica e tecnológica para a região, bem como uma maior possibilidade de difusão e popularização da ciência no estado.
Tal popularização tem sido uma das grandes preocupações das reuniões da SBPC. Este ano, uma grande estrutura voltada para o público do ensino básico e médio foi montada, numa parceria com escolas e prefeituras de várias cidades da região. O evento contou também com a participação de variados públicos, desde cientistas e alunos de graduação até autoridades representativas da sociedade civil. Foram contabilizados mais de cinco mil inscritos no evento, sendo que, destes, aproximadamente três mil são originários do estado do Acre.
Saiba mais sobre a 66ª Reunião da SBPC
*Michele Gonçalves fez a cobertura da 66ª Reunião Anual da SBPC como parte das atividades da sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas da Rede CLIMA e do INCT para Mudanças Climáticas.